quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Pedido em carta

(foto: J. Pedro Martins - Todas as cartas de amor)

Rogo-te: seja solícito.
Que não venhas em grilhões
envolto, mas em brumas densas.
Seja ignoto em sonhos hostis.
Que exposto a dor, corras a
velocidade da luz. Seja livre!
Se preciso for esconda-se
nas fendas de minh'alma,
e estando lá aproveite,
cuide de minhas feridas,
elas jorram desilusões...
Seja terno na adversidade,
e firme em momentos vis.
Seja amável com as pessoas
mesmo que estas de atirem
pedras. Aprenda com a dor
e emerja no amor. Por isso,
rogo-te: seja solícito.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Chove amor!

(foto: Sara Bastos - Chuva de diamantes)

Sorvo,
como a chuva
que incessante
pulveriza o horizonte,
teu amor em gotas
diamantadas,
gotas de luz.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Amálgama eloquente

(foto: José Prata dos Reis - Livros_1)

Junção infame proferis ao versar,
vocábulos ferindo os tímpanos despreparados,
fazendo ignotos desavisados
refúgio no amansa burros buscar.

Achas belo este versejar diferenciado,
fazer perplexos com vossa sapiência,
vosso uso exacerbado da ciência
do conjunto linguintisco pronunciado?

Se a verdade está no singelo e sutil.
Se na simplicidade há riqueza pueril
Porque amálgama eloquente?

Usar da facúndia para beleza proferir
se faz necessário? Não seria mais fácil desferir
palavras descomplicadas somente?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Encontro

(foto: Vieirinha - Cada coisa, cada momento...)
Na procura do toque,
do jeito, do enfoque,
do peito arfante,
do molejo elegante.
Do encontro furtivo,
do olhar de soslaio,
no cantinho escuro, vazio...
para o beijo aninhado.
Fico a espera e sonho,
chegas junto teu corpo.
Num momento, o pranto.
No beijo, o acalanto.
No meu olhar o desassossego,
no teu andar o desalinho.
A procura do caminho, nós dois,
dois corpos, dois rios, dois fluxos.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Desvio...


(foto: Joojim - Beijo sonhado)

Beijo-te a face.
E no beijo o roçar da pele,
e no roçar o eriçar dos pelos,
e no eriçar o fechar dos olhos
na esperança do algo mais.

Beijo-te a face.
E em beijar-te elevo as mãos
e enlaço os dedos em teus cabelos,
e sentes minha respiração em
tua orelha, quente e descompassada.

Beijo-te a face...
na esperança de um desvio tênue
pra chegar nos lábios, e no teu gosto.
E sentir nossos narizes
tentando ocupar o mesmo espaço.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Há luz

(foto: Paulo A. Lopes - Light Journey)
Encontro-me aqui,
em meio aos pensamentos escoados,
escorridos, liquefeitos,
escondidos de mim mesma,
insatisfeitos deste fim,
esperando... sonhando...
Busco satisfazer meus ímpetos,
meus desejos insólitos, inerentes,
porém a tanto inertes
que tornaram-se esquecidos.
...sombras do que foram...
Mas lá,
no final, lá no horizonte...
observo a luz surgir entre nuvens,
...esperança...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Borboletas

(Imagem: google)


Acho incrível a força das borboletas...
tão pequenas e conseguem carregar tanto peso!


Sim! Não entende porquê?

Explico então:
Quando amamos temos borboletas no estômago...
... e não é maravilhosa e sensação de leveza que sentimos?
São as borboletas!
Eu sei... tenho certeza!

O falo invisível

O falo de que falo
não é o falo intumescência,
rijo,
ereto,
mas sim um falo simbólico,
que emana força,
poder,
quase tântrico,
cheio de sabedoria.


Claro!


Pois chega dessas
ejaculações precoces dos pensamentos,
dessas palavras vãs
e cheias de cobiça.
Lascívia desvairada!


Meu falo é invisível.
Mas potente!
Não precisa de auto afirmação.
Minha satisfação é transcendental,
porque meu falo expeli o gozo dos justos.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Por pressupor - curta releitura

(foto: Luis Miguel Ines - Carcavelos, Cascais (mirando o mar))
Por pressupor
que eternidade existe
que estou aqui
agora!

Ideias

(foto: Rafael S. Vilela - A rainha das moscas)
Ideias
Vem aos bandos em minha mente,
como moscas nos restos do doce.

Beijo em flor


(foto Isabela Daguer - Kiss your life)

Deixarei de lado as convenções
aposentarei as máscaras, as vendas,
exporei, por fim, as intenções,
de dar-te amor e vida em oferendas.

Estive por tanto tempo escondida,
fugia de meus sentimentos.
Hoje sou livre e incontida,
mas ainda tenho meus fragmentos.

Ajude-me querido, junte os cacos!
Fiques ao meu lado em esplendor.
Sei que pouco sou, pois me fiz pedaços,

mas serei com certeza inteira
ao teu lado no caminho do amor,
se me deres teus lábios num beijo em flor!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Presente

(foto: Daniel Oliveira - The Gift)

Pra você meu
único amor dou o maior
de todos os presentes:
meu coração melindroso.
Aceite!
Mas seja cuidadoso pois
ele é frágil e se assusta fácil.
Mas lhe será leal.
Ele só necessita
de amor, seu amor!
" Versinhos simples e delicados para uma amor enorme e assustador, esse coração já foi dado em presente a muito tempo e você tem feito um ótimo trabalho. Será eterno enquanto dure. Amo-te ".

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Por pressupor

(foto: Paulo Henrique Rodriguez - Casal vê o mar...)

Por pressupor
que Deus não saberia
Eva ouviu a serpente,
Adão comeu a maça.

Por pressupor
que Julieta estivesse morta
Romeu tomou veneno.
Triste fim para um amor.

Por pressupor
que príncipes encantados
existem muitas meninas
se entregam ao sonho.

Por pressupor
que eternidade existe
que estou aqui
agora!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Fracasso

(foto: Rui Rosado - Poeira...)


Não sou fraca, administro meus fracassos,
sei quando perdi, sei quando desistir.
Não me deixo levar pelas lamentações,
não fico esperando um resquício
de qualquer coisa. Sobras, não! Me recuso.
Levanto, sacudo a poeira, e vou em busca
da felicidade. Mas não esse sonho inventado,
essa coisa indefinida, inominada, e sim de momentos
reais, palpáveis, visíveis, alcançáveis.
Não me entrego. Quero mais! Quero voar!
Quero viver, chegar longe. Ter momentos
inesquecíveis, inegáveis, intangíveis, mesmo
com os joelhos esfolados.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Forjada

(foto: Pedro Jorge Sousa - O último ferreiro no Sandoal)


Entre carvão e fogo
fui aquecida
em temperaturas altas,
desmedidas. Fui batida,
com força, vários foram
os tilintares em minha carne,
ressoavam alto, estridente
às vezes. E por fim jogada
na água para esfriar...
Mal sabia o que acontecia,
mas por fim, de tanto
aquecer, tilintar e esfriar
fui forjada.
E hoje, quando lembro
de minha sina, me sinto
forte como o ferro, e
pronta pro dia a dia.