terça-feira, 30 de setembro de 2008

Falso colar

Ornado em teu pescoço está
o colar de pérolas falsas
intercaladas com brilhantes
pedras de vidro.
Mas ele lhe é rico, inestimável,
não poderia querer outra coisa.
Tão cheio de histórias,
lembranças de sua mãezinha,
na verdade a última coisa que
ela lhe deu – ainda carrega seu perfume -
junto ela lhe ofereceu seus sonhos,
anseios, expectativas, desejos.
Hoje carregas ao colo, pendido,
iluminando teu caminho, contrastando
com teu belo sorriso
o colar falso de um amor verdadeiro.

AMOR INCONDICIONAL

Amo-te pequeno ser, fruto
Meu e de meu amor por
Outrem. Amo-te incondicionalmente. Tua
Risada me fascina.


Instinto fala alto
Não consigo conter-me,
Constantemente me pego
Olhando-te, admirando-te,
Noite após noite velei teu sono,
Dormindo és um anjo. Ah,
Instinto materno,
Coisa criada por Deus, será
Ilusão? Ou existe enfim!
Onde posso achar a resposta?
Não sei, mas sei que é incondicional.
Amo-te
Lindo ser!

ESTRELA

Estes teus olhos, estrelas lindas
Sistemas solares, universos inteiros
Turbilhão de ventos em meu coração
Revolução em minha pobre alma servil.
Em ti tenho porto seguro
Leva-me a lugares fantásticos
Amor, teus olhos vibram em mim.

Veneno

Teus lábios o tem,
sim, entendesse bem.
És peçonhenta, pessoa
insana, não falo atoa.


Desfere de ti todo
o mal, sim sai lodo
turvo e negro, matas
a todos com tuas palavras.


Ingrata! Eu te dei carinho
fiz de minha cama teu ninho
e você? Corrompesse meu lar...


Envenenasse meu ser!
Vontade não mais tenho em viver.
Agora só falta me enterrar.

Poetisa poetiza

Diante ao céu anil
poetiza a menina
sentada junto aos
girassóis imensos,
alegres girando
para o sol receber.
Poetiza versos simples
de um amor por vir.
Ela, a poetisa, conta
em rimas sua esperança,
e os girassóis buscam
o sol no céu anil.

Lepidóptera

Não sou sozinha
vivo em revoada,
já fui ovo, já fui lagarta
e também pupa em crisálida.
Sou poesia alada,
metamorfose encarnada,
sou beleza de asas...
Para as meninas sou a fantasia,
ilusão em meio a cinesia,
e em devaneios pergunto:
borboletas são fadas?

Cansaço

Sou a fadiga,
a dormência da alma,
o torpe da mente
e a inércia do corpo.

Liqüefaz

Gotejam de mim,
como o suor do trabalho árduo,
ou de um dia de muito calor,
meus sofridos e desmedidos dissabores...
de uma vida frágil, sem amor e
de minha falta de criatividade.
Decantam em mim,
como de uma ânfora a outra,
e sobressaem meu defeitos,
erros primários de um ser frívolo,
deteriorado pela vida mundana,
pela falta de zelo.
Escorrem de mim,
como uma infiltração qualquer,
como algo a ser consertado,
meus mais profundos e imaturos
sentimentos infames, quase profanos
desmerecedores de compaixão.
E eu, pobre individuo liquefeito
em minha miserável existência,
sobrevivo ao sabor dos desgostos.

Desventuras

Jogo a cabeça pra trás,
como se buscando ar,
tentando ver o azul o céu,
a salvação de minha alma sofrida.
Procuro alento, refugio,
sobriedade em meio ao meu desvario,
não encontro nada, só insanidade.
Como haveria de ser diferente?
Ainda tento justificar
minha falta de tato, de polidez.
Ainda tento justificar
meus erros e desesperança.

Cela perfeita

Visão periférica
olhar de lado,
de canto,
desconfiado,
esperando sempre algo,
na espreita..
O que está por vir?
Há alguém esperando na esquina,
como cobra a dar o bote?
Tranco-me em casa,
escondo-me, refugio-me.
Abstraio o mundo,
esqueço de tudo.
Sou prisioneiro,
prisioneiro de mim.

Canela

Entre uma piscadela e outra,
entre o breve lubrificar,
percebi a delicadeza de tua tez:
canela - um tom marrom dourado indescritível.
Atento aos teus olhos amendoados,
brilhantes, vibrantes...
Difícil voltar ao que fazia antes das piscadelas.
O que seria mesmo?
O que detinha minha atenção?
Veja bem, perdi minha concentração naquele momento,
não queria ficar a fitá-la,
mas me chamaste atenção,
roubaste minha calma.
O que fazer então se não admirá-la?
Nem bem mulher eras,
percebia-se pelos trejeitos de menina,
estavas em tenra flor,
mas não me contive,
enfeitiçado estava,
me perdi de amor...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Extase

(foto: Kristinna - site: olharesaeiou)


No vermelho rubro do teu botão em flor, extravaso meu desejo.

Renascimento

(foto: Johny Marbelo)


No eco mudo da minha garganta seca, sobrepujo minha dor. Renasço...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Caminhos

Essa história é real, porém não está baseado na vida de ninguém, tão pouco seria estranho se fosse um pouquinho de sua história, ou até mesmo da minha. Talvez seja a junção de todas as histórias da humanidade, tantas que chegam ao ponto de não parecer com a realidade.

Não será um relato tórrido e avassalador, cheio de suspense, luxúria e romance. Não teremos perseguições, tiros, mortes encomendadas ou coisas desse gênero. Talvez só um pouco de desencontros e fantasia. Ah, mais uma coisa, não há mensagens escritas há tempos e lançadas ao mar em garrafas rolhadas. Nossos protagonistas são pessoas normais, não são de famílias rivais, não vivem em tempos diferentes. Moram na mesma cidade, tem a mesma situação financeira, de família humilde, porém batalhadoras, estudaram em boas escolas. Não ganharam tudo o que desejaram na vida, mas tiveram tudo o que precisaram. Além do mais, foram muito amados, desejados pelos pais.

Nunca se apresentaram, certa vez ela caiu em um parque e machucou o joelho e ele a levantou e ofereceu sua garrafa de água e um lenço para limpá-la, ela sorriu e nada falou envergonhada, somente entregou-lhe um livro: seu preferido andava sempre com ele, "Olhai os Lírios do Campo". Ele pegou, sorriu e partiu, com o livro entre as mãos. Ela segurando o lenço, lamentou por não ter perguntado o nome daquele rapaz. Nunca mais voltaram a se ver.

A vida seguiu ele estudou, entrou para uma faculdade mediana, trabalhou muito para poder pagá-la, teve de repetir algumas aulas, mas se formou e se tornou um ótimo professor. Ela demorou um pouco a se decidir, gostava de tantas coisas, queria viajar, queria ver o mar, a serra, montanhas, neve, com todos esses desejos decidiu-se por turismo. Conheceu vários lugares, várias pessoas.

Ambos casaram, tiveram filhos que também tiveram filhos. Ambos faleceram e foram enterrados no mesmo cemitério, quis o acaso que nem lá se encontrassem, seus jazigos são distantes, mas ambos tem lindas flores presas a lapide de pedra. Ele enterrado com seu livro preferido e ela carregava o lenço de estimação.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Cachoeira

Tua boca, a cachoeira,
despeja infindas palavras de amor...
Uma correnteza imensa.

Reluzente

Sob o sol de outono, teu cabelo reluz como o ouro de tua aliança.

Faminta

Avidamente consomes meus beijos infames...
Ao sol de outono,
folhas caem marrons sob o solo.
Eu choro, como as árvores...

Fruta madura

Mordo do fruto do pecado, sorvo o sumo saboroso. É primavera em meu paladar...

Ensejos

Sonhos ávidos,

desejo voraz fulgura no peito,

e o beijo cálido de teu amor gentil.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Cruzamento

E foi:
no cruzar de olhares,
ao cruzar a rua
que entrelaçamos nossas vidas.
Alfa e Omega, início e fim.
No entanto:
seguiamos caminhos opostos.

Chegada / lar

Chegue rápido, / Estou feliz em ver-te,
Aconchegue-se / sonhei a vida toda com isso,
Aninhe-se em meus braços. / beijo-te a face ruborizada.

Calor / Sedução

O sol já alto queima a pele, / E já tonto não percebo,
O dia quente, envolvente. / você chegando, rebolando,
Suando ofegante. / com aquela saia branca.

Espera / Desilusão

Algumas vezes, / Em sonhos talvez,
esperamos o amor, / ansiamos por ele,
e dele queremos tudo. / mas o amor foge.

Beijo

(imagem retirada do google)

No gole que molha os lábios, refresco a boca seca de amor.


Pedra

(foto retirada do google)

Joguei-a na água e linhas incessantes brincaram de roda.

Ao percorrer meus dedos por sua tez fria, percebi que estaria só a partir deste dia.

A incrível história da forma de barro.

Maria, quando criança, em uma das viagens de férias da família, passou em uma pequena loja à beira da estrada estadual que nunca lhe saiu da cabeça. Hoje aos 37 anos lembra bem de todos os detalhes: dos tapetes de peles de boi e ovelhas, das tapeçarias, prataria, conservas de todos os tipo e cores, licores, artigos de churrasco, cachaça de alambique, queijos coloniais, doces em tabletes e compotas, peças de madeira entalhadas e cestaria. Lembra de tudo com tanta particularidade, lembra do cheiro, do pó nos enfeites, da senhora sentada num banquinho no canto da porta e a seus pés vários potes e tigelas de barro, pelo menos eram o que pareciam.

Lembra também de sua mãe, curiosa, perguntando tudo, queria saber pra que servia cada peça exposta naquela pequeno espaço, até que por fim se ateve as peças acomodadas aos pés da velha senhora.
_ Pra que servem essas peças, são vasos de flores? - perguntou a mãe de Maria.
_ Não senhora, são panelas e formas de barro, servem para cozinhar, são muito especiais. - respondeu a senhora

A mãe de Maria não acreditou, afinal cozinhar em barro, sim pois era isso que era afinal, barro seco, não interessa como era feito, barro é sujeira. Não quis desfazer da senhora, afinal ela tinha idade, e aprendera a respeitar os mais velhos, mas pra panelas aquilo não servia. Muito contrariada levou uma forma já que Maria encantada com aquilo, dizia que queria provar uma comida feita ali. A tigela tinha uns 25 cm de diâmetro e uns 15 cm de altura, a mãe de Maria já pensava no que por dentro da vasilha e Maria sonhava com o banquete a ser feito naquela forma.

Bom anos se passaram, a mãe de Maria nunca fez nada com aquela forma, apesar das investidas da filha, chegou a esconder para que não voltasse a perguntar. Até que dias antes de se casar Maria a encontrou no fundo de um armário pouco usado pela família, pegou-o e colocou junto com suas coisas que iam para sua casa nova. Deixando por muito tempo guardado, não sabia exatamente como usá-la.
Pesquisou, revirou receitas antigas, e finalmente descobriu como usar a forma de barro, comprou os ingredientes, convidou os familiares, seria um evento especial, finalmente provaria a comida feita na forma, tão sonhada, tão presente em sua infância.
Tudo estava pronto, mesa posta, família reunida, flores, bebidas, risos das crianças correndo, brincando, conversas dos adultos empolgados querendo saber o motivo da festa, o porque de estarem reunidos fora de data festiva. Finalmente Maria entra na sala de jantar com a forma nas mãos, sorridente que só ela, sua mãe ficou de olhos arregalados.
Todos sentaram-se a mesa, serviram-se, e deliciaram-se com cada iguaria preparada, e provaram o prato especial feito na forma de barro. Maria à cabeceira da mesa, olhava satisfeita para todos. Percebeu enfim porque os utensílios de barro são tão especiais, unem as pessoas, deixam a todos felizes, compartilhando os sentimentos bons.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Matemática

(Foto: André Inácio)

Faço e refaço essa sentença e não compreendo como 1 + 1 podem ser infinito em nós!