quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Caminhos

Essa história é real, porém não está baseado na vida de ninguém, tão pouco seria estranho se fosse um pouquinho de sua história, ou até mesmo da minha. Talvez seja a junção de todas as histórias da humanidade, tantas que chegam ao ponto de não parecer com a realidade.

Não será um relato tórrido e avassalador, cheio de suspense, luxúria e romance. Não teremos perseguições, tiros, mortes encomendadas ou coisas desse gênero. Talvez só um pouco de desencontros e fantasia. Ah, mais uma coisa, não há mensagens escritas há tempos e lançadas ao mar em garrafas rolhadas. Nossos protagonistas são pessoas normais, não são de famílias rivais, não vivem em tempos diferentes. Moram na mesma cidade, tem a mesma situação financeira, de família humilde, porém batalhadoras, estudaram em boas escolas. Não ganharam tudo o que desejaram na vida, mas tiveram tudo o que precisaram. Além do mais, foram muito amados, desejados pelos pais.

Nunca se apresentaram, certa vez ela caiu em um parque e machucou o joelho e ele a levantou e ofereceu sua garrafa de água e um lenço para limpá-la, ela sorriu e nada falou envergonhada, somente entregou-lhe um livro: seu preferido andava sempre com ele, "Olhai os Lírios do Campo". Ele pegou, sorriu e partiu, com o livro entre as mãos. Ela segurando o lenço, lamentou por não ter perguntado o nome daquele rapaz. Nunca mais voltaram a se ver.

A vida seguiu ele estudou, entrou para uma faculdade mediana, trabalhou muito para poder pagá-la, teve de repetir algumas aulas, mas se formou e se tornou um ótimo professor. Ela demorou um pouco a se decidir, gostava de tantas coisas, queria viajar, queria ver o mar, a serra, montanhas, neve, com todos esses desejos decidiu-se por turismo. Conheceu vários lugares, várias pessoas.

Ambos casaram, tiveram filhos que também tiveram filhos. Ambos faleceram e foram enterrados no mesmo cemitério, quis o acaso que nem lá se encontrassem, seus jazigos são distantes, mas ambos tem lindas flores presas a lapide de pedra. Ele enterrado com seu livro preferido e ela carregava o lenço de estimação.

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