quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Poesia


Sou a brisa que brinca
com as palavras e faz de sentimentos
versos cheios de vida.





(foto retirada do google)

Sou, sois

Sou solitária,
solta, sobrevoando
seu silêncio.

Sonho suave
sob sóis surreais...

Sou som singelo...
singular...


Sois saudades sinceras.

Epístola a meu amado.

(Foto: Lena Queiroz)


Porto Alegre, 28 de janeiro de 1975.

Meu amado Antonio Paulo Gusmão

Escrevo-te essa epístola, porém não sei para onde enviá-la, mal sei se estás vivo ou morto.

Mas mesmo não sabendo do seu paradeiro, necessitava escrever-lhe, contar-lhe tudo o que se passa em meu peito. Ainda amo-te e se no passado não pudemos ficar juntos, noutra vida espero que tenhamos mais sorte.

Meus dias estão contados, mal tenho forças para segurar a pena, mas esse desabafo era essencial. Lamento muito o acontecido, lamento tê-lo deixado esperando naquela noite, sofro muito por minha decisão errônea, mas eu era jovem e meu menino ainda necessitava de mim, não podia deixá-lo e nem levá-lo a um futuro incerto. Meu marido era um homem de posses e com certeza não deixaria a felonia passar em brancas nuvens. Sei que nada justifica minha covardia mas, por favor, me perdoe.

Durante esses anos todos tenho me julgado e condenado por tê-lo perdido. Lembro tão docemente das inúmeras tardes que passamos juntos, do teu beijo em meus cabelos, do cheiro da alfazema no campo onde nos encontrávamos. Guardo ainda comigo aquela flor cheirosa, que me desse quando decidimos fugir, e teu retrato amarelado do tempo, como se eu precisasse dele pra lembrar de teus olhos lindos olhando para meus lábios quando te fazia as juras de amor, juras eternas.

Vou-me agora. Esta carta levarei comigo, assim como a fotografia e a pequena flor, estarei esperando para entregar-lhe em mãos quando fores me encontrar no paraíso. Se já estiveres lá, peço a Deus que tenha compaixão de meu pobre coração que conheceu o amor num forasteiro e não no homem escolhido pela família, que viu num estranho a mais pura dádiva divina e por isso não viu pecado em sua traição, e te envies a mim. Rogo para encontrá-lo...


Da sempre sua Amada,


Ana Lúcia Alencar.

Um quase conto, num quase canto

Entre um canto e a extensão da parede, esquecido em meio à decoração cafona daquela casa sem esmero, eu, um quadro de natureza morta em tons pastéis, quase desaparecendo devido à exposição excessiva de sol, fiquei esquecido como o resto dos móveis, empoeirado, umedecido pela infiltração que provinha da casa ao lado. A mercê do tempo, dos fenômenos naturais e dos indivíduos de índole duvidosa que adentravam naquela casa hora ou vez.
O último jornal entregue naquela casa, continuava no chão servindo de tapete letrado.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Exposição

Queria poder ter algo original a expor, mas meus versos são simples, doridos - concebidos pela dor. Dor de viver, de amor, de desamor, de felicidade ou não. Sim, tudo me dói, dor na alma, sofrimentos incessante e fugaz. Não sou melhor que o Zé da feira que canta as ofertas da Xepa, não sou melhor que o carro da pamonha, ou o rapaz do compro e vendo ouro, não mesmo. Eles artistas do cotidiano tentando ganhar a vida pela voz, e eu mortal inconstante que tenta se manter viva pela palavra.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Fotografia

Recordações
é o que sou,
boas ou ruins,
alegres ou tristes,
de tempos passados
e atuais, de pessoas
queridas, presentes ou não,
de lugares visitados,
de amores passados
e eternos. Às vezes
amarelada,
preto e branco,
colorida.
Sou a captura
de um momento de vida
eternizada num papel.
Quisera ser sempre de alegria.
Meu nome: fotografia.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Vítima de traição

Pobre de mim! - choro até a convulsão -
Traição - nunca imaginei que seria,
sim fui traída! E o autor dessa felonia,
meu algoz: meu coração.


Não só ele, esse traidor,
mas todo corpo em sintonia
e agora estou em agonia.
Estou a esfacelar-me em dor.


O que sinto: amor.
Apaixonei-me por um ser alado
e por isso não posso tê-lo ao meu lado
e fico com peito dorido e com a alma a expor.


Ouça meu clamor!
Coração arranca-me esse sentimento!
- acho que morro a qualquer momento -
Sim morro, morro de amor!

Desabafo

Em meio as muitas guerras das quais participei, penso ser a última a mais letal. Nela perdi um filho, esposa, família. Minha casa não mais existia, meu retorno não se fez necessário.
Me tornei um andarilho. Sem pouso, sem pressa, sem graça... convivendo por anos com minha culpa por não ter estado lá, por não ter sido eu.
Eu os matei!
Achas exagerada minha exclamação?
Eu não, eu os matei, não estive lá quando precisaram, lutei por uma pátria e não por eles! Eu os perdi...
Ainda me recordo do dia de minha partida...
... a cerca branca, o jardim florido, a casa com janelas verdes e o sorriso chorado de minha mulher, acenando enquanto embalava nosso filho no colo.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Sorriso de contas

Ah, teu sorriso:
um colar de pérolas
em tua face
ruborizada.
Lindo,
puro,
sagaz...
És menina-flor com
o sol nos cabelos
e a noite no olhar.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Eu estrela

Sou
estrela

c

a

d

e

n

t

e


cadenciada
num brilhar

in....ter....mi...te.......te...


Choro gotas de luz
e
as espalho no céu
Negro de minha dor.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Amo-os

Amo alguém, alias, dois alguéns
Um é amor que veio, chegou com tudo,
fincou raízes, arrasou meu Eu,
desfez minhas muralhas, desarmou-me,
mostrou-me tantas sensações novas e peculiares.
O outro é fruto do primeiro, um fruto tão doce,
tão único que tenho medo, medo de tudo,
por ele, por mim, pelo mundo a
nossa volta que sabe ser injusto.
Amo alguéns por tanto, nomes não importa,
amo-os mais que a mim, diriam os poetas
como a mim mesma, mas acho que é pouco,
amo-os por tanto, sem inicio ou fim.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Fúrias

Eu queria ver uma tromba d'agua,
Sim adoraria! Aquele turbilhão
subindo aos céus, mostrando a força
do oceano, vento forte, céu enegrecido,
e a água ganhando céus...

A força da natureza, linda natureza
até quando manifestada em fúria.
Trovões, tempestades, raios, tufões, vulcões...
quantas denominações...
quantas formas de expressar as mudanças.

Creio que mesmo que o ser humano não fosse
tão inconsequente com os recursos naturais,
ainda assim haveriam fúrias. Mas se a falta
de consciência da humanidade ajuda...