sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Amor-diamante

(imagem Google Search)

Meu diamante se quebrou!
Sim quebrou. E diamantes não quebram, aprendi isso na escola.
Era legítimo, tinha até certificado de um geólogo.
Poxa ele era tão bonito, tão claro, tão raro...
Eu estava lá quando ele foi produzido, nasceu da pressão dos nossos corpos a base de carbono.
E agora que tu foste embora, como farei outro?
Era-me tão especial... meu diamante.

Luto

(imagem Google Search)

Lancei ao vento meus frutos incertos:
ilusões e sonhos impossíveis,
esperanças e amores desfeitos.

Vesti meu luto, fiz-me pálida,
como se tivesse realmente
perdido alguém querido. Olheiras...
manchas negras cimentadas
sobre as maças do rosto.

Consternei-me da minha própria falácia
e petrifiquei diante da minha mágoa.

E agora, sorrateira e muda, perambulo
pelas paragens atrás daqueles que arremessei,
tentando juntar os cacos de mim,
para tirar o negro pesado da minh’alma.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Fluidez

(foto: Google Search)

Escorre de mim,
das vertentes esquecidas,
uma profusão.
Minha lucidez liquefeita
molha-me a face,
as vestes,
os pés.
E no chão:
a poça,
que mesclada ao pó
do pensamento fez-se barro.
Moldarei um jarro
e nele colocarei minhas idéias
insanas e torpes
em sementes germinadas
dos meus momentos de solidão.
Florescerá minha loucura em flor,
tornando-se o centro dos meus cuidados.
A mim só falta escrever um livro.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Relicário

(foto: João Félix - Vendo de olhos fechados)

Guardo a imagem,
num pingente brilhante
escondido no fundo dos olhos.

Preservo a lembrança,
como um beijo doce
de uma paixonite adolescente.

Encontro no peito,
o sagrado amor
que te dedico.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Eternidade

(foto: João Sargo - O amor não tem idade)
Perdera sua companheira. Há 60 anos mantinha uma estreita relação entre o amor e o ódio para com ela. Ele amava seus cabelos brancos e odiava a falta que ela lhe fazia. Ainda mantinha seu lugar posto à mesa, seu espaço na cama, seus chinelos e chambre no banheiro, até a escova de dentes no mesmo lugar. Ao por a roupa na máquina de lavar sempre punha roupas dela junto, mesmo que limpas, para fazerem companhia as dele.
Os vizinhos estranhavam as roupas estendidas, as conversas animadas e a música que vinham de sua casa.
Para amenizar a solidão era isso que fazia, ligava seu radinho nas músicas preferidas dela, falava alto sobre como a música lhe fazia bem, por vezes rodopiava pela casa segurando um vestido dela, e depois de muito dançar deitava ansiando sonhar com ela.
A Vida lhe sorriu com uma imensa felicidade em vida que a Morte num ato de inveja boa e solidariedade levou-o logo para o encontro dela.
Chegando lá ela lhe sorriu e enfim puderam novamente dançar.
Se perguntares à Morte qual foi o intuito do repentino ingresso dele no céu ela diria:

_ Eu o via dançar num misto de esperança e saudade enquanto ela sorria esperando-o na entrada do portão, às vezes a via rodando também. Só queria ver os dois dançando juntos.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ensaio a dança comum

(foto: Catarina Krug - Alma que Dança)

Nos tênues fios que em abraço nos envolve,
perco-me em arroubos de euforia num enlace
que chega a sufocar. Encanto-me.
Ah, os finos traços de tua beleza juvenil!

Bailamos a sombra de nossos corpos
na melodia do silêncio sepulcral,
e perdemo-nos no joguete dos membros

Por fim desapareces entre a luz matinal.
Permaneço à espera do teu retorno.

Minha solidão não é ferida a ser curada.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Inquietude

(foto: Tatiana - Cocoon)

Explode n’alma, ecoa ao vento.
Vinda de poços escuros, distantes...
profundos. Ressurge ignóbil.

Com ardor, fúria e rigidez ataco aos prantos
tanta sobriedade camuflada, rebuscada de
tempos em que a inocência fez-me refém,
e deflorada fui na essência, extirpada da
ignorância infanto-juvenil.

Procuro manter-me / conter a fera agitada,
penso em mudanças / acalantar o íntimo irrequieto,
busco serenidade / para enfim ter a brandura pueril.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Pedido em carta

(foto: J. Pedro Martins - Todas as cartas de amor)

Rogo-te: seja solícito.
Que não venhas em grilhões
envolto, mas em brumas densas.
Seja ignoto em sonhos hostis.
Que exposto a dor, corras a
velocidade da luz. Seja livre!
Se preciso for esconda-se
nas fendas de minh'alma,
e estando lá aproveite,
cuide de minhas feridas,
elas jorram desilusões...
Seja terno na adversidade,
e firme em momentos vis.
Seja amável com as pessoas
mesmo que estas de atirem
pedras. Aprenda com a dor
e emerja no amor. Por isso,
rogo-te: seja solícito.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Chove amor!

(foto: Sara Bastos - Chuva de diamantes)

Sorvo,
como a chuva
que incessante
pulveriza o horizonte,
teu amor em gotas
diamantadas,
gotas de luz.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Amálgama eloquente

(foto: José Prata dos Reis - Livros_1)

Junção infame proferis ao versar,
vocábulos ferindo os tímpanos despreparados,
fazendo ignotos desavisados
refúgio no amansa burros buscar.

Achas belo este versejar diferenciado,
fazer perplexos com vossa sapiência,
vosso uso exacerbado da ciência
do conjunto linguintisco pronunciado?

Se a verdade está no singelo e sutil.
Se na simplicidade há riqueza pueril
Porque amálgama eloquente?

Usar da facúndia para beleza proferir
se faz necessário? Não seria mais fácil desferir
palavras descomplicadas somente?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Encontro

(foto: Vieirinha - Cada coisa, cada momento...)
Na procura do toque,
do jeito, do enfoque,
do peito arfante,
do molejo elegante.
Do encontro furtivo,
do olhar de soslaio,
no cantinho escuro, vazio...
para o beijo aninhado.
Fico a espera e sonho,
chegas junto teu corpo.
Num momento, o pranto.
No beijo, o acalanto.
No meu olhar o desassossego,
no teu andar o desalinho.
A procura do caminho, nós dois,
dois corpos, dois rios, dois fluxos.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Desvio...


(foto: Joojim - Beijo sonhado)

Beijo-te a face.
E no beijo o roçar da pele,
e no roçar o eriçar dos pelos,
e no eriçar o fechar dos olhos
na esperança do algo mais.

Beijo-te a face.
E em beijar-te elevo as mãos
e enlaço os dedos em teus cabelos,
e sentes minha respiração em
tua orelha, quente e descompassada.

Beijo-te a face...
na esperança de um desvio tênue
pra chegar nos lábios, e no teu gosto.
E sentir nossos narizes
tentando ocupar o mesmo espaço.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Há luz

(foto: Paulo A. Lopes - Light Journey)
Encontro-me aqui,
em meio aos pensamentos escoados,
escorridos, liquefeitos,
escondidos de mim mesma,
insatisfeitos deste fim,
esperando... sonhando...
Busco satisfazer meus ímpetos,
meus desejos insólitos, inerentes,
porém a tanto inertes
que tornaram-se esquecidos.
...sombras do que foram...
Mas lá,
no final, lá no horizonte...
observo a luz surgir entre nuvens,
...esperança...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Borboletas

(Imagem: google)


Acho incrível a força das borboletas...
tão pequenas e conseguem carregar tanto peso!


Sim! Não entende porquê?

Explico então:
Quando amamos temos borboletas no estômago...
... e não é maravilhosa e sensação de leveza que sentimos?
São as borboletas!
Eu sei... tenho certeza!

O falo invisível

O falo de que falo
não é o falo intumescência,
rijo,
ereto,
mas sim um falo simbólico,
que emana força,
poder,
quase tântrico,
cheio de sabedoria.


Claro!


Pois chega dessas
ejaculações precoces dos pensamentos,
dessas palavras vãs
e cheias de cobiça.
Lascívia desvairada!


Meu falo é invisível.
Mas potente!
Não precisa de auto afirmação.
Minha satisfação é transcendental,
porque meu falo expeli o gozo dos justos.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Por pressupor - curta releitura

(foto: Luis Miguel Ines - Carcavelos, Cascais (mirando o mar))
Por pressupor
que eternidade existe
que estou aqui
agora!

Ideias

(foto: Rafael S. Vilela - A rainha das moscas)
Ideias
Vem aos bandos em minha mente,
como moscas nos restos do doce.

Beijo em flor


(foto Isabela Daguer - Kiss your life)

Deixarei de lado as convenções
aposentarei as máscaras, as vendas,
exporei, por fim, as intenções,
de dar-te amor e vida em oferendas.

Estive por tanto tempo escondida,
fugia de meus sentimentos.
Hoje sou livre e incontida,
mas ainda tenho meus fragmentos.

Ajude-me querido, junte os cacos!
Fiques ao meu lado em esplendor.
Sei que pouco sou, pois me fiz pedaços,

mas serei com certeza inteira
ao teu lado no caminho do amor,
se me deres teus lábios num beijo em flor!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Presente

(foto: Daniel Oliveira - The Gift)

Pra você meu
único amor dou o maior
de todos os presentes:
meu coração melindroso.
Aceite!
Mas seja cuidadoso pois
ele é frágil e se assusta fácil.
Mas lhe será leal.
Ele só necessita
de amor, seu amor!
" Versinhos simples e delicados para uma amor enorme e assustador, esse coração já foi dado em presente a muito tempo e você tem feito um ótimo trabalho. Será eterno enquanto dure. Amo-te ".

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Por pressupor

(foto: Paulo Henrique Rodriguez - Casal vê o mar...)

Por pressupor
que Deus não saberia
Eva ouviu a serpente,
Adão comeu a maça.

Por pressupor
que Julieta estivesse morta
Romeu tomou veneno.
Triste fim para um amor.

Por pressupor
que príncipes encantados
existem muitas meninas
se entregam ao sonho.

Por pressupor
que eternidade existe
que estou aqui
agora!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Fracasso

(foto: Rui Rosado - Poeira...)


Não sou fraca, administro meus fracassos,
sei quando perdi, sei quando desistir.
Não me deixo levar pelas lamentações,
não fico esperando um resquício
de qualquer coisa. Sobras, não! Me recuso.
Levanto, sacudo a poeira, e vou em busca
da felicidade. Mas não esse sonho inventado,
essa coisa indefinida, inominada, e sim de momentos
reais, palpáveis, visíveis, alcançáveis.
Não me entrego. Quero mais! Quero voar!
Quero viver, chegar longe. Ter momentos
inesquecíveis, inegáveis, intangíveis, mesmo
com os joelhos esfolados.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Forjada

(foto: Pedro Jorge Sousa - O último ferreiro no Sandoal)


Entre carvão e fogo
fui aquecida
em temperaturas altas,
desmedidas. Fui batida,
com força, vários foram
os tilintares em minha carne,
ressoavam alto, estridente
às vezes. E por fim jogada
na água para esfriar...
Mal sabia o que acontecia,
mas por fim, de tanto
aquecer, tilintar e esfriar
fui forjada.
E hoje, quando lembro
de minha sina, me sinto
forte como o ferro, e
pronta pro dia a dia.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Sementes

J
O
G
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I

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V
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T
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AS

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M
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N
T
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S
de minhas ilusões, nasceram sonhos, delírios,
devaneios, todos vívidos,
tão sentidos. Semeei
por tanto os anseios,
e muito fortes cresceram,
alguns arrancados foram,
por anônimos passantes,
outros permaneceram
a embalar os amantes.
Frutos e mais frutos deram
os vingados que plantei,
mas o que muitos não sabem,
nem sequer desconfiam
é que na verdade fora as joguei.
Pois de ilusões não queria a minha vida preencher,
mas depois de sua saída, só, infinitamente só, fiquei.



(foto:Gregória Correia)

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Dias melhores


Da lágrima que escorre agora - o alivio previsto.
Sai a dor, a retina cansada, faço um oceano de meu pranto escorrido.
Meus globos oculares iguais a naus perdidas orando a Poseidon por clemência.
Chove a cântaros em meu coração e transborda a face, chove meu martírio e agonia.
Mas vejo, mesmo entre toda essa solução salina, você.
Que vem para enxugar minhas perturbações.
Da lágrima que escorre agora - o alivio previsto.
(foto: Sofia Afonso)

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Novos ares...

E de súbito abro as cortinas escuras.
Já empoeiradas pelo tempo estavam.

Mas o sol entrou pela janela e mesmo
com os vidros sujos se fez resplandecer.

Tudo ganhou vida num instante,
iluminando meu dia, minha casa, minha vida.

Novos ares precisava, para tanto, abri as janelas.

Ah, vida nova, brisa fresca, leve embora,
sim leve agora, a poeira da casa, dos móveis,
e os acúmulos de escuridão da minha alma esquecida.

sábado, 25 de outubro de 2008

Pingou...

(foto: José Meneses - Splash)

Respingou na tela,
e as cores surgiram,
e tomaram formas ,
e o mais singelo nasceu.
Nasceu o amor dos sonhos,
o amor de Eros,
o amor do infinito,
o amor do inimaginável.
Os respingos, meu suor,
minha dedicação,
minha meditação,
meus sentimentos.
E se tudo isso não bastasse,
se pouco parecesse,
estaria lá em tela, registrado,
para todos que quiserem (conseguissem) apreciá-lo.



sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Sobre o que há...

Existem:
idas e vindas.
Pessoas:
saudosistas,
intimistas,
solistas
ou serão individualistas?
Santas e loucas,
dadivosas e contidas,
perenes e superficiais.
Meninas-mulheres,
homens-moleques,
e seus sonhos
coloridos,
fantasiosos,
irresistíveis.
Suas histórias de vida,
de amores e desilusões.


Sobre o que há muito se tem a dizer,
porém é melhor sentir o vento...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Quero ar... (Súplica Libertária)

Preciso de ar...
Um ar novo,
fresco...
Espaço aberto
arejado,
nada rarefeito,
sem efeito,
onde o feito
seja obscuro,
obtuso,
recluso.
Me recuso!

Quero ar!
Brisa ou ventania...
Pouco importa!
Quero imensidão,
amplitude,
atitude!
Altitude? Talvez!
Longitude? Nem tanto.

Serei um ser alado... livre.
Quero o ar da liberdade
de ser eu, mesmo
entre as paredes fechadas.

Não mais estar
enclausurada no intimo
sufocado do ser...
Não ao vácuo!
Não a clausura!
Não a morte lenta do sufocamento!

Quero ar...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Choro

Vou cantar meu pranto.
Um choro contido,
chorado escondido,
de um tempo que foi
sem previsão de volta.
Choro cantado,
dor melodiosa,
cheia de harmonia e ritmo,
choro chorado,
pranto cantado,
enfeitado de dor.
Dor de amor!
Ou amor em forma de dor?
Ah, e as lágrimas brotam
e rios se formam
a regar esperanças perdidas.
Para delas florescer
flores roxas de martírio.
Do meu pranto contido,
choro escorrido,
lágrimas de amor.

Como?

Já não posso afirmar com tanta convicção...

Já não consigo dizer onde está meu coração!


A convicção da alma limpa,
da fronte erguida e serena.
Da certeza do amor infinito,
do coração preenchido,
do amor transbordante.


Como dizer que o amor é bem vindo e te olhar sorrindo se a certeza se foi?

Como dar-te na face um beijo e esperar que esse ensejo tenha um feliz fim?
Já não dá!

Dor indócil.

A dor invade meu ser,
dilacera o peito que insone
murmura por piedade.


Gostaria tanto de ter
um amor forte que consome
e não essa dor, essa fragilidade.


Frágil sim, sou! A dor esfacela-me,
fico dormente diante do mundo infame,
tento mexer-me, mas meus membros...
Ah, como dói a inércia da alma.


Fico em meio aos escombros de mim mesma,
desmazelada pelo sofrimento indócil.
Como animal ferido, acoado...
esperando a dor ir-se embora!

Digitais



Nas palmas de tuas
mãos, o mundo ganha
asas e cores sem fim.



(foto: Thiago Pedro Pinto - Duas mãos)







Lembranças

No espelho o reflexo do passado,
os olhos distantes não enganam... flash back!
Venho percorrendo todas as fases,
revendo, lembrando...
A infância, as brincadeiras de criança,
o primeiro beijo, o primeiro amor,
a primeira desilusão. A primeira vez...
(é sempre marcante, mas não é única)


Que bom se fosse...


As lembranças ainda cercam, me rodeiam,
Embaralham minha memória.
O gosto acre da saudade me sonda.
Fantasmas da lembrança.

Vigia

Sucumbo a fadiga.
Fadiga do corpo, da alma.
Peço descanso, vele meu sono,
repouso em teu colo,
sinto teus dedos em meus cabelos.
Tão relaxante... (como é bom!)
Estou exaurida, minhas forças
me abandonaram...
dores múltiplas espalhadas.
Peço descanso... vele meu sono...

NAS ENTRELINHAS

Nunca dizemos tudo que desejamos.
Às vezes, deixamos no ar e
Simplesmente esperamos...


Em algum momento,
Não distante creio, irás perceber,
Terás nas mãos o conhecimento,
Reinará em si as respostas.
Enxergarás a verdade dita. Mais
Leve estarás por fim, não mais
Iludido ou inebriado.
Nas entrelinhas verás que o
Hoje é o mais importante! Que o
Amor é o sentimento mais digno, e
Saudade é a consequência de sua falta!

Renasci

De repente, sem querer,
quis fugir, me esconder,
ocultar de mim mesmo,
tudo deixar a esmo.


Distanciar-me da aflição,
do descaso, da traição,
do desamor, do desalento,
estive tão desatento.


Deixei meu coração minguar
e muitas vezes fiquei sem ar.
Pobre de mim, quase me extingui.


Mas tomei folego, busquei forças, sobriedade.
E mesmo sendo difícil encarei com seriedade.
E hoje brado a todos pulmões: - Consegui!

Poison

O mais forte veneno não é orgânico ou sintético, não pertence a algum animal ou foi fabricado. É sim sentimental.
O pior dentre todos é o amor, que mata aos poucos, deixando sua vítima a mercê de seu algoz.

Bubbles



Meu sonho de amor
desfez-se em brumas,
como bolhas de sabão
em tons fruta-cor.



(Foto: Teich - Bubbles.)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O cheiro do sangue e a falta de lágrimas

Meus olhos verteram suas primeiras e últimas lágrimas naquele dia, após o acontecido era como se não mais houvesse vida em meu peito. Eu não mais titubeava ante ao perigo, não havia mais duvidas em meu semblante, somente uma frieza sepulcral, uma certeza que nada de mal poderia me afetar mais do que o que já acontecera. Mas para que tudo seja explicado irei relatar alguns fatos que resultaram no que sou hoje.
Não fui sempre assim, já tive doçura no olhar, alegria sem fim, todos me admiravam pelas notas na escola, pela educação, bons hábitos e boa forma física. Era uma menina do tipo mignon, cabelos Chanel, castanhos, olhos também castanhos, boca pequena e avermelhada. Alguns diziam que a inocência não existia, era uma personagem minha e na verdade eu sabia ser atraente, que meu corpo era convidativo, mas juro, não tinha noção disso.
Ia pra escola sozinha todos os dias, passava sempre pelos mesmos lugares, cumprimentava a todos os passantes, afinal todos conhecidos. Mas algo novo acontecera naquela manhã de outono, em uma casa há muito tempo vazia havia uma movimentação incomum, caminhões, carros, falatório, uma família, 5 pessoas, um casal, três filhos, dois meninos e uma menina de minha idade. Fiquei encantada com a movimentação e a alegria, nunca havia visto uma mudança antes e a alegria da família era contagiante. Não prestei atenção na fisionomia de ninguém só na euforia. Dia após dia voltaria a vê-los com frequência, dois dos filhos do casal, passariam a estudar na mesma escola que eu estudava a menina na mesma turma que eu, o menino uma adiante. O outro filho do casal já havia se formado no ensino médio, estava estudando pro vestibular e trabalhava pra ajudar em casa. Notei que todos eles eram bonitos, educados, encantadores. Passei a ter companhia pra escola todos os dias.
Frequentava a casa deles, comia entre eles, e vez por outra dormia na casa deles. A menina, o irmão do meio e eu éramos muito amigos, o mais velho nunca via quando ia até lá, sempre trancado estudando, ou trabalhando. O casal sempre fora acolhedor, a mulher linda e dedicada, o homem, gentil e elegante. Era a família perfeita, todos diziam, eu dizia. Mamãe era encantada com eles.
Mas tudo mudou quando o conheci, o irmão mais velho, lindo, desajeitado, despenteado, estava sentado tomando seu café, estava de folga aquela manhã, então se deu o luxo de sentar e apreciar o café que sua mãe preparara, normalmente não lhe sobrava tempo para o convívio familiar. Ele me olhou e sorriu espantado, nunca havia me visto, só sabia quem eu era por ouvir falar de soslaio. O engraçado é que depois disso percebi que ele parava mais em casa e eu saia mais cedo de casa pra tentar vê-lo ainda em casa. Com o tempo os outros começaram a perceber. A menina, até então minha amiga, começou a se tornar hostil, brigávamos por bobagens, ela me proibia de entrar em sua casa, não queria minha proximidade com seu irmão mais velho, puro ciúme, mas eu não imaginava que esse ciúme tivesse consequências tão drásticas.
Passei a ouvir fofocas sobre mim na escola, os meninos passaram a mexer comigo na escola e na rua, as meninas me olhavam torto, diziam que eu devia ter vergonha. Eu sinceramente não entendia do que estavam falando até ser chamada na direção, onde um professor e uma orientadora resolveram me dar uma aula de bons modos e educação sexual, eu os olhava admirada e sem entender. Foi então que eles me disseram que a maneira que eu estava tratando meu corpo ainda ia me trazer prejuízos, afinal drogas e sexo com qualquer pessoa poderia haver descuidos e sexo sem proteção pode ter por consequência uma doença sexualmente transmissível. Foi então que minha ficha caiu, e eu de surpresa levantei e perguntei o porquê eles estavam me dizendo isso, se eu nunca tinha entrado em contato com tal coisa. Ficaram indignados afinal estavam todos falando sobre isso na escola, mas reafirmei não estar sabendo de nada e também nunca ter participado de nada do gênero. - Nem namorado eu tenho. – dizia a eles. Chamaram minha mãe na escola, contaram do boato, ela fez questão que eu fizesse exames médicos e toxicológicos, levou os resultados à escola e esses tiveram que aceitar e tentar amenizar o estrago feito pelo disse-me-disse, mas de nada adiantou, afinal os meninos sabendo da virgindade confirmada ficaram mais alvoroçados. As meninas morriam de inveja do assedio que eu vinha sofrendo.
Os pais de meus amigos não permitiam mais minha entrada na casa deles, não podia mais ver o mais velho, comecei a ficar triste e melancólica, até que um dia o vi na rua, ele me convidou pra tomar um suco com ele e conversar, claro que aceitei. Foi mágico, poder estar com ele, sentir seu perfume, conversar, enfim ouvir sua voz um pouco mais de uns momentos. Tornamo-nos amigos, contei a ele sobre as fofocas e como estava sozinha. Passamos a nos encontrar, ir ao cinema, passeios ao parque, por fim declaramo-nos um ao outro, estávamos apaixonados. Minha mãe o adorava, e seus pais tiveram de me aceitar novamente, minha mãe foi falar com eles e desfazer a imagem que havia ficado, mostrou os exames e disse o quão constrangida ficou com tal insinuação, pois criara bem sua filha e não admitia que outros desconfiassem disso. Víamos-nos sempre que podíamos minha relação com a menina nunca mais fora a mesma. Percebia o desconforto dela em me ver com seu irmão.
Estávamos juntos já há algum tempo, resolvemos que iríamos ter nossa primeira relação, seria romântica já que era minha primeira vez, ele sabia disso e queria que fosse especial para mim, mal sabia ele que aquele dia me marcaria pra sempre, mas por outra razão. Contei a minha mãe sobre nossa intenção, ela me levou ao médico e me explicou as consequências de minha decisão, mas aceitou bem, deixou inclusive que fosse a nossa casa. Ele avisou aos pais que não dormiria em casa e acho que foi nesse momento que ela ficou sabendo o que aconteceria.
Já eram 20h30min quando ele chegou lindo, perfumado, com flores nas mãos, minha mãe já não estava em casa. Fomos para a cozinha, comemos alguma coisa, fui ao banheiro escovar os dentes e entrei em meu quarto pra me preparar, ele foi ao banheiro e foi paciente, pois eu estava muito ansiosa, porém feliz, estava com a pessoa que amava. Chamei-o, ele entrou em meu quarto, elogiou-me, deu-me um beijo carinhoso e tudo aconteceu lindamente, foi o momento mais feliz de minha vida. Mas, porém algo aconteceu, não trancamos a porta e nem percebemos que não estávamos sós, a irmã dele havia visto tudo, entrou no quarto enfurecida, gritando comigo, jamais esquecerei suas palavras nessa hora: - Você não podia deixar meu irmão em paz, já não basta toda a atenção que tens, não basta ser bonita, inteligente, amada por todos. Poxa o que preciso fazer mais pra te destruir, o boato não deu certo, o tiro saiu pela culatra. Fazer a cabeça de meus pais contra ti não te impediu de se meter com meu amor - nesse momento não entendi mais nada, afinal aquilo era uma crise de ciúmes. Meu amor?! O que ela queria dizer com isso, amor entre irmão era pecado, crime. Mas ela estava apaixonada por ele sim, eu sentia isso.
Ele indignado a mandava embora, dizia pra não intrometer-se na sua vida, que ela não era nada pra ele. Com essas palavras percebi que ele sabia do amor dela por ele. E isso era errado, fiquei confusa, triste. Foi então que a verdade me bateu no rosto. - não é porque não somos irmãos de sangue que não te considero assim, eu não te amo desse jeito já te disse -.
Nesse momento ela puxa a pistola do seu pai e desferiu três tiros em direção a ele, o sangue saltou em mim, ela me olhou e disse: - pronto agora tu não vai mais tê-lo, e não te preocupes não vou atirar em você, achas que te darei esse gostinho de morrer com ele – apontando a arma para sua cabeça atirou. Fiquei encolhida num canto, seminua, chorando. Quando percebi a polícia estava ali, os vizinhos os chamaram, levaram-me a delegacia, chamaram minha mãe, os pais deles entraram pela porta querendo saber do acontecido, eu nada conseguia dizer. A polícia constatou o óbvio e me liberou, fiquei dias trancada em casa em sair, o cheiro do sangue não saia de minha mente. Os pais deles e o filho que restou mudaram-se. E eu fiquei só. E me tornei o que sou. Nunca mais chorei, nunca mais fiquei em dúvida. Formei-me, mas pela vida não sinto maior apreço. O cheiro do sangue ainda me persegue, hoje sou médica.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Falso colar

Ornado em teu pescoço está
o colar de pérolas falsas
intercaladas com brilhantes
pedras de vidro.
Mas ele lhe é rico, inestimável,
não poderia querer outra coisa.
Tão cheio de histórias,
lembranças de sua mãezinha,
na verdade a última coisa que
ela lhe deu – ainda carrega seu perfume -
junto ela lhe ofereceu seus sonhos,
anseios, expectativas, desejos.
Hoje carregas ao colo, pendido,
iluminando teu caminho, contrastando
com teu belo sorriso
o colar falso de um amor verdadeiro.

AMOR INCONDICIONAL

Amo-te pequeno ser, fruto
Meu e de meu amor por
Outrem. Amo-te incondicionalmente. Tua
Risada me fascina.


Instinto fala alto
Não consigo conter-me,
Constantemente me pego
Olhando-te, admirando-te,
Noite após noite velei teu sono,
Dormindo és um anjo. Ah,
Instinto materno,
Coisa criada por Deus, será
Ilusão? Ou existe enfim!
Onde posso achar a resposta?
Não sei, mas sei que é incondicional.
Amo-te
Lindo ser!

ESTRELA

Estes teus olhos, estrelas lindas
Sistemas solares, universos inteiros
Turbilhão de ventos em meu coração
Revolução em minha pobre alma servil.
Em ti tenho porto seguro
Leva-me a lugares fantásticos
Amor, teus olhos vibram em mim.

Veneno

Teus lábios o tem,
sim, entendesse bem.
És peçonhenta, pessoa
insana, não falo atoa.


Desfere de ti todo
o mal, sim sai lodo
turvo e negro, matas
a todos com tuas palavras.


Ingrata! Eu te dei carinho
fiz de minha cama teu ninho
e você? Corrompesse meu lar...


Envenenasse meu ser!
Vontade não mais tenho em viver.
Agora só falta me enterrar.

Poetisa poetiza

Diante ao céu anil
poetiza a menina
sentada junto aos
girassóis imensos,
alegres girando
para o sol receber.
Poetiza versos simples
de um amor por vir.
Ela, a poetisa, conta
em rimas sua esperança,
e os girassóis buscam
o sol no céu anil.

Lepidóptera

Não sou sozinha
vivo em revoada,
já fui ovo, já fui lagarta
e também pupa em crisálida.
Sou poesia alada,
metamorfose encarnada,
sou beleza de asas...
Para as meninas sou a fantasia,
ilusão em meio a cinesia,
e em devaneios pergunto:
borboletas são fadas?

Cansaço

Sou a fadiga,
a dormência da alma,
o torpe da mente
e a inércia do corpo.

Liqüefaz

Gotejam de mim,
como o suor do trabalho árduo,
ou de um dia de muito calor,
meus sofridos e desmedidos dissabores...
de uma vida frágil, sem amor e
de minha falta de criatividade.
Decantam em mim,
como de uma ânfora a outra,
e sobressaem meu defeitos,
erros primários de um ser frívolo,
deteriorado pela vida mundana,
pela falta de zelo.
Escorrem de mim,
como uma infiltração qualquer,
como algo a ser consertado,
meus mais profundos e imaturos
sentimentos infames, quase profanos
desmerecedores de compaixão.
E eu, pobre individuo liquefeito
em minha miserável existência,
sobrevivo ao sabor dos desgostos.

Desventuras

Jogo a cabeça pra trás,
como se buscando ar,
tentando ver o azul o céu,
a salvação de minha alma sofrida.
Procuro alento, refugio,
sobriedade em meio ao meu desvario,
não encontro nada, só insanidade.
Como haveria de ser diferente?
Ainda tento justificar
minha falta de tato, de polidez.
Ainda tento justificar
meus erros e desesperança.

Cela perfeita

Visão periférica
olhar de lado,
de canto,
desconfiado,
esperando sempre algo,
na espreita..
O que está por vir?
Há alguém esperando na esquina,
como cobra a dar o bote?
Tranco-me em casa,
escondo-me, refugio-me.
Abstraio o mundo,
esqueço de tudo.
Sou prisioneiro,
prisioneiro de mim.

Canela

Entre uma piscadela e outra,
entre o breve lubrificar,
percebi a delicadeza de tua tez:
canela - um tom marrom dourado indescritível.
Atento aos teus olhos amendoados,
brilhantes, vibrantes...
Difícil voltar ao que fazia antes das piscadelas.
O que seria mesmo?
O que detinha minha atenção?
Veja bem, perdi minha concentração naquele momento,
não queria ficar a fitá-la,
mas me chamaste atenção,
roubaste minha calma.
O que fazer então se não admirá-la?
Nem bem mulher eras,
percebia-se pelos trejeitos de menina,
estavas em tenra flor,
mas não me contive,
enfeitiçado estava,
me perdi de amor...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Extase

(foto: Kristinna - site: olharesaeiou)


No vermelho rubro do teu botão em flor, extravaso meu desejo.

Renascimento

(foto: Johny Marbelo)


No eco mudo da minha garganta seca, sobrepujo minha dor. Renasço...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Caminhos

Essa história é real, porém não está baseado na vida de ninguém, tão pouco seria estranho se fosse um pouquinho de sua história, ou até mesmo da minha. Talvez seja a junção de todas as histórias da humanidade, tantas que chegam ao ponto de não parecer com a realidade.

Não será um relato tórrido e avassalador, cheio de suspense, luxúria e romance. Não teremos perseguições, tiros, mortes encomendadas ou coisas desse gênero. Talvez só um pouco de desencontros e fantasia. Ah, mais uma coisa, não há mensagens escritas há tempos e lançadas ao mar em garrafas rolhadas. Nossos protagonistas são pessoas normais, não são de famílias rivais, não vivem em tempos diferentes. Moram na mesma cidade, tem a mesma situação financeira, de família humilde, porém batalhadoras, estudaram em boas escolas. Não ganharam tudo o que desejaram na vida, mas tiveram tudo o que precisaram. Além do mais, foram muito amados, desejados pelos pais.

Nunca se apresentaram, certa vez ela caiu em um parque e machucou o joelho e ele a levantou e ofereceu sua garrafa de água e um lenço para limpá-la, ela sorriu e nada falou envergonhada, somente entregou-lhe um livro: seu preferido andava sempre com ele, "Olhai os Lírios do Campo". Ele pegou, sorriu e partiu, com o livro entre as mãos. Ela segurando o lenço, lamentou por não ter perguntado o nome daquele rapaz. Nunca mais voltaram a se ver.

A vida seguiu ele estudou, entrou para uma faculdade mediana, trabalhou muito para poder pagá-la, teve de repetir algumas aulas, mas se formou e se tornou um ótimo professor. Ela demorou um pouco a se decidir, gostava de tantas coisas, queria viajar, queria ver o mar, a serra, montanhas, neve, com todos esses desejos decidiu-se por turismo. Conheceu vários lugares, várias pessoas.

Ambos casaram, tiveram filhos que também tiveram filhos. Ambos faleceram e foram enterrados no mesmo cemitério, quis o acaso que nem lá se encontrassem, seus jazigos são distantes, mas ambos tem lindas flores presas a lapide de pedra. Ele enterrado com seu livro preferido e ela carregava o lenço de estimação.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Cachoeira

Tua boca, a cachoeira,
despeja infindas palavras de amor...
Uma correnteza imensa.

Reluzente

Sob o sol de outono, teu cabelo reluz como o ouro de tua aliança.

Faminta

Avidamente consomes meus beijos infames...
Ao sol de outono,
folhas caem marrons sob o solo.
Eu choro, como as árvores...

Fruta madura

Mordo do fruto do pecado, sorvo o sumo saboroso. É primavera em meu paladar...

Ensejos

Sonhos ávidos,

desejo voraz fulgura no peito,

e o beijo cálido de teu amor gentil.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Cruzamento

E foi:
no cruzar de olhares,
ao cruzar a rua
que entrelaçamos nossas vidas.
Alfa e Omega, início e fim.
No entanto:
seguiamos caminhos opostos.

Chegada / lar

Chegue rápido, / Estou feliz em ver-te,
Aconchegue-se / sonhei a vida toda com isso,
Aninhe-se em meus braços. / beijo-te a face ruborizada.

Calor / Sedução

O sol já alto queima a pele, / E já tonto não percebo,
O dia quente, envolvente. / você chegando, rebolando,
Suando ofegante. / com aquela saia branca.

Espera / Desilusão

Algumas vezes, / Em sonhos talvez,
esperamos o amor, / ansiamos por ele,
e dele queremos tudo. / mas o amor foge.

Beijo

(imagem retirada do google)

No gole que molha os lábios, refresco a boca seca de amor.


Pedra

(foto retirada do google)

Joguei-a na água e linhas incessantes brincaram de roda.

Ao percorrer meus dedos por sua tez fria, percebi que estaria só a partir deste dia.

A incrível história da forma de barro.

Maria, quando criança, em uma das viagens de férias da família, passou em uma pequena loja à beira da estrada estadual que nunca lhe saiu da cabeça. Hoje aos 37 anos lembra bem de todos os detalhes: dos tapetes de peles de boi e ovelhas, das tapeçarias, prataria, conservas de todos os tipo e cores, licores, artigos de churrasco, cachaça de alambique, queijos coloniais, doces em tabletes e compotas, peças de madeira entalhadas e cestaria. Lembra de tudo com tanta particularidade, lembra do cheiro, do pó nos enfeites, da senhora sentada num banquinho no canto da porta e a seus pés vários potes e tigelas de barro, pelo menos eram o que pareciam.

Lembra também de sua mãe, curiosa, perguntando tudo, queria saber pra que servia cada peça exposta naquela pequeno espaço, até que por fim se ateve as peças acomodadas aos pés da velha senhora.
_ Pra que servem essas peças, são vasos de flores? - perguntou a mãe de Maria.
_ Não senhora, são panelas e formas de barro, servem para cozinhar, são muito especiais. - respondeu a senhora

A mãe de Maria não acreditou, afinal cozinhar em barro, sim pois era isso que era afinal, barro seco, não interessa como era feito, barro é sujeira. Não quis desfazer da senhora, afinal ela tinha idade, e aprendera a respeitar os mais velhos, mas pra panelas aquilo não servia. Muito contrariada levou uma forma já que Maria encantada com aquilo, dizia que queria provar uma comida feita ali. A tigela tinha uns 25 cm de diâmetro e uns 15 cm de altura, a mãe de Maria já pensava no que por dentro da vasilha e Maria sonhava com o banquete a ser feito naquela forma.

Bom anos se passaram, a mãe de Maria nunca fez nada com aquela forma, apesar das investidas da filha, chegou a esconder para que não voltasse a perguntar. Até que dias antes de se casar Maria a encontrou no fundo de um armário pouco usado pela família, pegou-o e colocou junto com suas coisas que iam para sua casa nova. Deixando por muito tempo guardado, não sabia exatamente como usá-la.
Pesquisou, revirou receitas antigas, e finalmente descobriu como usar a forma de barro, comprou os ingredientes, convidou os familiares, seria um evento especial, finalmente provaria a comida feita na forma, tão sonhada, tão presente em sua infância.
Tudo estava pronto, mesa posta, família reunida, flores, bebidas, risos das crianças correndo, brincando, conversas dos adultos empolgados querendo saber o motivo da festa, o porque de estarem reunidos fora de data festiva. Finalmente Maria entra na sala de jantar com a forma nas mãos, sorridente que só ela, sua mãe ficou de olhos arregalados.
Todos sentaram-se a mesa, serviram-se, e deliciaram-se com cada iguaria preparada, e provaram o prato especial feito na forma de barro. Maria à cabeceira da mesa, olhava satisfeita para todos. Percebeu enfim porque os utensílios de barro são tão especiais, unem as pessoas, deixam a todos felizes, compartilhando os sentimentos bons.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Matemática

(Foto: André Inácio)

Faço e refaço essa sentença e não compreendo como 1 + 1 podem ser infinito em nós!


quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Poesia


Sou a brisa que brinca
com as palavras e faz de sentimentos
versos cheios de vida.





(foto retirada do google)

Sou, sois

Sou solitária,
solta, sobrevoando
seu silêncio.

Sonho suave
sob sóis surreais...

Sou som singelo...
singular...


Sois saudades sinceras.

Epístola a meu amado.

(Foto: Lena Queiroz)


Porto Alegre, 28 de janeiro de 1975.

Meu amado Antonio Paulo Gusmão

Escrevo-te essa epístola, porém não sei para onde enviá-la, mal sei se estás vivo ou morto.

Mas mesmo não sabendo do seu paradeiro, necessitava escrever-lhe, contar-lhe tudo o que se passa em meu peito. Ainda amo-te e se no passado não pudemos ficar juntos, noutra vida espero que tenhamos mais sorte.

Meus dias estão contados, mal tenho forças para segurar a pena, mas esse desabafo era essencial. Lamento muito o acontecido, lamento tê-lo deixado esperando naquela noite, sofro muito por minha decisão errônea, mas eu era jovem e meu menino ainda necessitava de mim, não podia deixá-lo e nem levá-lo a um futuro incerto. Meu marido era um homem de posses e com certeza não deixaria a felonia passar em brancas nuvens. Sei que nada justifica minha covardia mas, por favor, me perdoe.

Durante esses anos todos tenho me julgado e condenado por tê-lo perdido. Lembro tão docemente das inúmeras tardes que passamos juntos, do teu beijo em meus cabelos, do cheiro da alfazema no campo onde nos encontrávamos. Guardo ainda comigo aquela flor cheirosa, que me desse quando decidimos fugir, e teu retrato amarelado do tempo, como se eu precisasse dele pra lembrar de teus olhos lindos olhando para meus lábios quando te fazia as juras de amor, juras eternas.

Vou-me agora. Esta carta levarei comigo, assim como a fotografia e a pequena flor, estarei esperando para entregar-lhe em mãos quando fores me encontrar no paraíso. Se já estiveres lá, peço a Deus que tenha compaixão de meu pobre coração que conheceu o amor num forasteiro e não no homem escolhido pela família, que viu num estranho a mais pura dádiva divina e por isso não viu pecado em sua traição, e te envies a mim. Rogo para encontrá-lo...


Da sempre sua Amada,


Ana Lúcia Alencar.

Um quase conto, num quase canto

Entre um canto e a extensão da parede, esquecido em meio à decoração cafona daquela casa sem esmero, eu, um quadro de natureza morta em tons pastéis, quase desaparecendo devido à exposição excessiva de sol, fiquei esquecido como o resto dos móveis, empoeirado, umedecido pela infiltração que provinha da casa ao lado. A mercê do tempo, dos fenômenos naturais e dos indivíduos de índole duvidosa que adentravam naquela casa hora ou vez.
O último jornal entregue naquela casa, continuava no chão servindo de tapete letrado.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Exposição

Queria poder ter algo original a expor, mas meus versos são simples, doridos - concebidos pela dor. Dor de viver, de amor, de desamor, de felicidade ou não. Sim, tudo me dói, dor na alma, sofrimentos incessante e fugaz. Não sou melhor que o Zé da feira que canta as ofertas da Xepa, não sou melhor que o carro da pamonha, ou o rapaz do compro e vendo ouro, não mesmo. Eles artistas do cotidiano tentando ganhar a vida pela voz, e eu mortal inconstante que tenta se manter viva pela palavra.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Fotografia

Recordações
é o que sou,
boas ou ruins,
alegres ou tristes,
de tempos passados
e atuais, de pessoas
queridas, presentes ou não,
de lugares visitados,
de amores passados
e eternos. Às vezes
amarelada,
preto e branco,
colorida.
Sou a captura
de um momento de vida
eternizada num papel.
Quisera ser sempre de alegria.
Meu nome: fotografia.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Vítima de traição

Pobre de mim! - choro até a convulsão -
Traição - nunca imaginei que seria,
sim fui traída! E o autor dessa felonia,
meu algoz: meu coração.


Não só ele, esse traidor,
mas todo corpo em sintonia
e agora estou em agonia.
Estou a esfacelar-me em dor.


O que sinto: amor.
Apaixonei-me por um ser alado
e por isso não posso tê-lo ao meu lado
e fico com peito dorido e com a alma a expor.


Ouça meu clamor!
Coração arranca-me esse sentimento!
- acho que morro a qualquer momento -
Sim morro, morro de amor!

Desabafo

Em meio as muitas guerras das quais participei, penso ser a última a mais letal. Nela perdi um filho, esposa, família. Minha casa não mais existia, meu retorno não se fez necessário.
Me tornei um andarilho. Sem pouso, sem pressa, sem graça... convivendo por anos com minha culpa por não ter estado lá, por não ter sido eu.
Eu os matei!
Achas exagerada minha exclamação?
Eu não, eu os matei, não estive lá quando precisaram, lutei por uma pátria e não por eles! Eu os perdi...
Ainda me recordo do dia de minha partida...
... a cerca branca, o jardim florido, a casa com janelas verdes e o sorriso chorado de minha mulher, acenando enquanto embalava nosso filho no colo.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Sorriso de contas

Ah, teu sorriso:
um colar de pérolas
em tua face
ruborizada.
Lindo,
puro,
sagaz...
És menina-flor com
o sol nos cabelos
e a noite no olhar.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Eu estrela

Sou
estrela

c

a

d

e

n

t

e


cadenciada
num brilhar

in....ter....mi...te.......te...


Choro gotas de luz
e
as espalho no céu
Negro de minha dor.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Amo-os

Amo alguém, alias, dois alguéns
Um é amor que veio, chegou com tudo,
fincou raízes, arrasou meu Eu,
desfez minhas muralhas, desarmou-me,
mostrou-me tantas sensações novas e peculiares.
O outro é fruto do primeiro, um fruto tão doce,
tão único que tenho medo, medo de tudo,
por ele, por mim, pelo mundo a
nossa volta que sabe ser injusto.
Amo alguéns por tanto, nomes não importa,
amo-os mais que a mim, diriam os poetas
como a mim mesma, mas acho que é pouco,
amo-os por tanto, sem inicio ou fim.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Fúrias

Eu queria ver uma tromba d'agua,
Sim adoraria! Aquele turbilhão
subindo aos céus, mostrando a força
do oceano, vento forte, céu enegrecido,
e a água ganhando céus...

A força da natureza, linda natureza
até quando manifestada em fúria.
Trovões, tempestades, raios, tufões, vulcões...
quantas denominações...
quantas formas de expressar as mudanças.

Creio que mesmo que o ser humano não fosse
tão inconsequente com os recursos naturais,
ainda assim haveriam fúrias. Mas se a falta
de consciência da humanidade ajuda...

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Triste sem ti...

O que eu faria se te amasse mais?
Não caberia em mim,
não conseguiria conter meu peito,
com certeza explodiria...

Dói tua ausência, dor intensa,
tua falta em mim é imensa,
fico o dia todo a pensar,
ansiando você voltar.

Ah, como é triste tua ausência,
meu dia fica sem cor,
e das coisas já não sinto o sabor...

Quando chegas, meu coração pulsa forte,
teu amor é meu rumo, meu norte,
Meu ponto de equilíbrio, minha sanidade.

Te amo infinitamente, se isso é possível!!!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Beijo em instante - o filme

Beijo em instante - o filme

Sinopse:
E num breve instante trocamos
olhares... E logo estamos cara a cara.
Sem perceber estamos juntos
um do outro, com um olhar profundo...
uma intenção.
A ponta dos narizes unidos, os lábios
entreabertos, umedecidos...
Nossa respiração quente.
E sem lembrarmos-nos do mundo a nossa volta
selamos nosso encontro.
O beijo...
A entrega...

Cena 1 - O encontro

personagens: você e eu;
local: qualquer pode ser aqui mesmo;
tempo: agora, de preferência já;
figurino: o que estiveres usando está bom pra mim.

Descrição da cena:

Você
e
eu.
Eu
e
você.
Dois
narizes:
roçando
colados,
quente,
ofegante...
Falo?
Não falo?
Calo-me...
te beijo!

(sensação)
Gosto de menta...
cheiro de hortelã...
jeito de pimenta.
Quero mais!!!

(Terá o filme continuação?)

Beijo em instante - Cena 2 - O toque

Ouso pousar minha mão
em teu rosto, sinto o pinicar
- tua barba por fazer...
Os traços fortes do teu rosto
jovem. Levemente deslizo
meus dedos até teu
queixo. E por fim minhas
mãos repousam em teu peito
enquanto enlaças minha cintura...
E o beijo perdura com os olhos cerrados...

(sensação)
De eternidade,
de imortalidade,
somos os dois o mundo,
o universo.
E sob o céu róseo da fantasia,
vislumbramos o horizonte de nossos dias.

Beijo em instante - Cena 3 - Final (Será?!?!)

E anos se passaram
e do beijo a união e fruto.
E tempos mais ainda passarão
até que finde este filme.
Não esse não é um fim real,
só um "Continua...", também não
é uma minissérie, é nossa história.
Somos eternos em nosso instante,
instante do beijo terno. E
quando o sopro nos faltar
lado a lado ficaremos no
Aqui Jaz...

(sensação)
Paz...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

SONHOS NÃO VOLTAM MAIS

Sonhos... produtos
Oriundos de nossa imaginação,
Nossa ilusão e vontade...
Honestamente não
Os tenho mais, os meus
Sonhos não voltam mais...


Nesse momento estou
Absorta em pensamentos
Ora perdidos, ora insanos.


Viajo na perspectiva,
Olho ao redor e vejo os
Lugares que desejei estar,
Todos inalterados.
Ainda que não
Mais tenha sonhos os desejo...


Minha mente confusa
Almeja o retorno da
Ilusão, do anseio, mas...
Sonhos não voltam mais...

PASSARELAS DE AMANTES

Por entre este espaço
Anônimos passam,
Sem pressa, abraçados,
Sem perceberem as outras pessoas.
Amantes, enamorados,
Riem e afagam-se
Envolvem-se no clima
Livre e suave
Animados em
Seus passeios.


Das passarelas são amantes
E amantes passantes.


A atmosfera inebriante
Muitos não percebem os
Adornos da passarela
Noite e dia permeiam
Todos andando, movendo-se
E sucumbindo aos
Sons do passeio.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Anis estrelado




És estrela de sabor

e cheiro que fulgura intensa

no meu céu da boca.




(foto retirada do google)

sábado, 19 de julho de 2008

Presente ao artista

E foi criada uma obra de arte
uma escultura, mas não de
ferro ou aço, nem ao menos
de madeira ou cortiça.


Mas de vogais e consoantes.
De vocábulos, pronomes e interjeições,
ditongos e hiatos, de várias sílabas
e significados. Cheia de concordâncias,
não necessariamente verbais ou nominais,
mas concordâncias com a alma e coração.


Seu criador? Um verdadeiro artista,
um ser humano como qualquer outro
em sua forma e necessidade.
Sente fome e frio, sente amor e dor.
Poderia ser você ou até mesmo eu...
Ele - um poeta - escreve com a alma,
escreve e as palavras tomam forma
no papel, tornando-se uma obra perfeita,
cheia de forma, cor, cheiro, sentimento...


E é aqui, neste local de encontro,
que as mais belas obras estão expostas.
De artistas reais, pessoas normais
cheias de vida, com momentos bons e ruins,
mas que deixam um pedaço de si
em cada verso esculpido em uma folha de papel.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Saudades do Pago

Venha china faceira, tua saia rodada
enfeita o salão, trás contigo uma flor no cabelo,
o aroma d'água de cheiro, e o mate amargo
pra lembrar-me da estância,
das minhas coxilhas queridas,
dos pastos verdes e as rês a pastar,
e o tropeiro velho pitando um palheiro...

Ah que saudades do pago!
Ah que saudades das rodas de chimarão,
da prosa afiada no bolicho, do jogo do osso,
da canha de guampa, e da peonada
atracada no churrasco de fogo de chão.
Ah, que saudades...
do pingo fiel a trotear, e do meu cusco.

Sonho com a boitatá,
com a Salamanca do Jaraú,
rezo ao meu negrinho do Pastoreio
que interceda junto a Nossa Senhora,
acendo um toco de vela pra iluminar
meu caminho. Rezo, rezo muito pra que
eu possa morrer no meu pago,
minha querência amada,
ao lado da china que amo
sentido o perfume da flor no seu cabelo.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Eu, sopro de mim...

(foto retirada do google)

Sopra em mim o amor,
sopra a vida assim... suave!

E como a brisa que beija o mar,
te beijo agora! Leve
e docemente a bailar
no céu de minha boca a fora.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Como nuvem

(foto: Luisa Carneiro, retirada site olhares)

Sinto o doce

gosto da

nuvem-fofa

de

algodão-doce

que como

nuvem

permeia o céu

de

minha boca,


der
re
ten
do

igual sereno.
Serenata na
língua, o tapete de entrada,
rodeada pela

cerca branca de dentes.

Ah! Boca minha
que se abre

ao doce passeio da nuvem doce,

aguça teu palato.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Somos

Somos...
Somos fortes e fracos,
somos o bem e o mal,
a dor e a alegria,
e às vezes...
o silêncio e a gritaria.

Vozes

Vozes violentas,

vozes vorazes,

viajantes vadias

voam vãs,

viajam... voláteis,

vozes voluptuosas...

Vozes:

violentas,

voluptuosas,

voláteis,

vadias,

voam vãs!

Viajam...

Angústia

Ainda ando ansiosa...
aguardando...
Ah, angústia!
Arreia a alma!
Ando apática,
atónita, afoita.
Ah, arritmia!
Antes alegre,
amorosa, amiga,
agora agoniada,
amargurada, aff!
Ah, angústia!

Ainda aguardo a alegria...

Cansaço

Ah, minha imaginação não me favorece,
esse cansaço agora me estremece.
Minha alma chora e pede o leito,
ah, que dor grande no peito!
Angústia? Sim, possível!
Estou em outro nível.
Amortecida, sim...
Será o fim?
Duvido!

terça-feira, 1 de julho de 2008

PERDIDO DE AMOR

Pobre de mim que estou
Enredado em tua teia,
Rendido, contido,
Domesticado,
Ilusões eu tinha
De ficar contigo.
Oh, estou perdido, perdido de amor!



Dominado,
Embebido de amor. Sim,



Amor é o que sinto!
Me dê uma chance...
Oh, doce amada,
Resgata-me!

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Gosto das flores

Gosto das dálias,
são flores gigantes,
cheias de pétalas,
que pendem nos
galhos de tão pesadas.
As amarelas então...


Gosto das rosas,
amarelas, brancas,
vermelhas, perfumadas,
espinhosas.

Ah, como gosto!


Gosto dos crisântemos,
flores de enfeite,
flores das mães,
da maternidade.
E das margaridas,
flores da infância,
do mal-me-quer,
bem-me-quer
...ah, gosto das flores!

Fogo e Água

Eu sou o fogo,
a paixão que arde,
amor que consome,
Você, a água
a razão, o equilíbrio,
a sobriedade, a paz.
Amo-te água, mas não,
não posso tocar-te.
Sou o louco, desvairado,
tudo desejo, tudo anseio.
Já você tão plácida,
Tão serena...
Ah, água que eu amo,
Ah, amor impossível...
tal qual o Sol e a Lua.
Nunca toco-te...
Somente desejo-te.

Dia das diabruras

Dores diabólicas d'alma
Diante dois díspares
Divago, destilo,
Disfarço, despedaço
Dissabores de dias distantes
Desgosto, desprazer.
Dilacerações d'mim...

domingo, 29 de junho de 2008

Descanso do anjo.

Um beijo cálido, um amor sofrido,
um menino-anjo, divino, iluminado,
pousa sobre minha vida,
repousa os lábios nos meus,
descansa sob meu corpo nu,
preenche-me com tua essência.
Deposita tua semente em meu solo fértil
e teu descanso será fecundo,
e mais seres de luz serão gerados,
para iluminar nossa reles vida.

Para o bem...

Oh, leva contigo por piedade
toda a dor, toda a maldade
que minh'alma invade,
corrompe a sanidade,
aniquila com tamanha crueldade.
Deixando-me aqui em ansiedade...

sábado, 28 de junho de 2008

OLHANDO PARA TRÁS

Olhando as fotos amareladas
Levei um tempo para perceber que
Hoje tudo está mudado.
Amigos antes tão presentes já
Não estão mais aqui,
Dias passaram e
Onde estão eles? Se foram...


Por onde andam meus
Amigos antigos, amigos da
Rua, da escola, da vida?
Aonde os encontro?


Tempo já não tenho mais, as
Rugas já marcam meu rosto.
Ansioso espero reencontrá-los.
Saudades de minha infância...

Cautela

Poderia hoje falar de amor,
poderia ser melosa,
mas hoje não, por favor,
serei sim cautelosa!


Sonhamos com um grande amor,
a eterna busca da alma gêmea.
Às vezes achamos só o enganador,
macho em busca de fêmea.


Isso não quero, não preciso,
preciso sim de um ombro amigo,
alguém estável, conciso.


Que se preocupe comigo,
e me seja carinhoso e leal,
sem fantasias... Quero algo real!

VERSOS DRAMATICOS

Visto-me de dor,
Encarno a melancolia,
Retiro-me, enclausuro-me,
Sou feita de agonia!
Ouço nítido o
Som da tristeza...

Donde estás felicidade?
Ruas e ruas andei a procurar-te,
Amarguras achei nessas andanças,
Migalhas joguei ao chão pra
Achar o caminho de volta,
tudo em vão, foste embora...
Ilusões ficaram em teu caminho,
Cansei de dores sem fim.
O escuro, breu infiel, fere-me!
Sou tristeza. Felicidade, ouça meu chamado!

Dualidade

Não sou certa nem errada,
sou só tudo e nada,
luz e escuridão,
fogo e água
compartilhando do mesmo copo.
Onde irei?
Meu propósito?
Não sei!
Mas duas em uma,
uma alma dividida...
Andrógena!
Que vivem em choque.
Uma guerra constante,
amor e ódio,
rivalidade fraterna,
dualidade!

sexta-feira, 27 de junho de 2008

OM MANI PADME HUM




Que eu veja o todo,
que eu veja a vida,
e entenda o mundo,
chegada e partida.

Que eu ame ao outro
e ame a mim,
pois a vida é um encontro,
todos como flores no jardim.

Irei recitar um mantra,
em voz alta e pensamento.
Desejo ser feliz a todo momento!

Libertarei minha mente
de toda a mesquinhez e mal
e Saudarei a jóia no lótus, afinal!

Vagueia

Vagueia alma, vagueia!
Busca sua força e lugar,
busca aquele que te anseia,
busca enfim teu lar.


Vagueia alma, vagueia!
Sonhes sempre encontrar
paz em meio a peleia,
e um grande ser pra amar.

Vagueia sem pressa e ritmo,
vagueia e espera no íntimo
ter outra alma a vagar,

para que chegue juntinho,
devagar, devagarinho
e ao teu lado abancar!

terça-feira, 24 de junho de 2008

Perspectivas de um futuro infortuno...

Ah, terra antes fofa e fértil,
e agora árida e sem vida,
onde está tua água?

Ah, céus de brancas nuvens,
agora cinza chumbo poluição,
onde está tua água?

Não temos mais vertentes,
riachos, regaços, ribeiros,
não temos mais cachoeiras,
corredeiras, rios e mar.

Onde está a água?
Ainda existem lençóis freáticos?

Só há esse calor insuportável,
a aridez do solo,
os alimentos escassos,
o povo sofrido e doente.

Ah, Deus o que aconteceu com a água?
Ela era a fonte de vida!
Ah, Deus o que será de nós?


Nesse momento só consigo pensar
na água, pura e cristalina, e no meu desejo
de um gole pra molhar a boca.

Amante da Morte!

Beija-me Morte com teus lábios frios,
Percorre meu corpo com tua língua avida e ferina
Enlaça-me com teus braços,
arranha minha carne com tuas unhas,
morda-me...penetra-me...
consumas este ato.

Leva-me contigo, serei tua consorte.
Desejo-te mais que tudo!
A cicuta está a fazer efeito,
nem uma gota sobrou em meus lábios gentis,
já sinto-te chegando... frio... percorre a espinha
meus membros já adormecidos repousam...
leves espasmos sinto agora,
o coração está quase parado em meu peito amargurado.

Anseio-te Morte, pega-me agora!
Ah, amado imortal!
Tua amante eterna clama!
Leva-me deliciosa Morte, leva-me!

Cai!

Cai!

Desprovi-me da divindade,
abri mão da imortalidade.
Não tenho mais minhas asas!
Perdi minha luz!
Já não posso mais desaparecer,
ser como a brisa ou como o vendaval,
não posso mais estar num lugar
com a força de meu pensamento,
não posso mais planar no ar.
Não sinto mais o beijo do Pai na face.
Me sinto dividido, pois queria isso,
mas é como se faltasse algo...
O que? Eu não sei!
Perdi minhas asas!

Cai!

O tempo

Ah, o tempo! Senhor do destino...
Passa tão docemente pra uns
e tão incisivo a outros.
O tempo trás sabedoria,
malfeitos são desfeitos,
trás alegrias
e também tristezas.
O tempo nos dá alento,
causa furor, trás frustrações,
desilusões. Trás amores,
passageiros e infindos,
trás problemas e dúvidas,
trás soluções e respostas.
O tempo é a vida,
ele não precisa ser longo,
precisa apenas ser suficiente
para aprendermos,
para sonharmos,
para amarmos,
para chorarmos...
E para isso basta uma fração de segundos!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Meu melhor amigo

Durante algum tempo pensava eu possuir alguns poucos mas bons melhores amigos, percebi que há fatores que modificam a amizade. Como o trabalho incessante, as responsabilidades, a distância, e ignorância, a falta de amor próprio.

Hoje posso afirmar que tenho um melhor amigo, além de mim mesma claro. Um único e fiel melhor amigo, aquele que irá perdoar tudo, irá me aconselhar, me xingar também, que enxugará minhas lágrimas e me trará alento.

E tenho sorte, pois é com ele que divido o leito. Brigamos muito... mas meu coração se esvazia a cada manhã e se mantém apertadinho o dia inteiro até reencontrá-lo a noite.

É tão pouco o tempo que temos juntos, ainda temos tanto a nos conhecer, mas ele me dá presentes maravilhosos e inúmeras provas de sua amizade, de seu amor. Pois amigos de verdade amam, amam incondicionalmente. Com defeitos e qualidades nos aceitam e nos admiram, nos corrigem e nos apoiam.

Meu melhor amigo:

Eu te amo!

Incondicionalmente eu te amo!

Amizade

Já falei de solidão tantas vezes,
de dores e tristezas sem fim,
Já falei de morte, a chamei
a procurei, já destilei minha melancolia,
mapeei minha dor, derramei
lágrimas que formariam um oceano.

Já falei de paixão, de tesão avassalador,
de beijos quentes e sexo ardente,
de mãos incisivas e cheiros fortes.

Já falei de amor cálido e apaixonante,
de amor maternal incessante.

Já falei de borboletas e suas espirotrombas,
já falei de flores... já mandei flores.

Mas não lembro de ter falado em amizade...

Amizade:
Amo mais que tudo a
Mim mesma, amiga fiel,
Inspiradora, agitadora e
Zombeteira. Amo!
Amiga melhor não há,
Da vida é a primeira a chegar
E a última a correr!
[Será mesmo?
Só sei que se não formos melhores amigas de nós mesmas quem será?
Quem será por nós?]

Shuuuu...

E agora em silêncio,
onde palavras não fazem sentido,
busco em meio a meus pensamentos
algo que me traga de volta a realidade,
que me devolva ao mundo dos sons.
Sei que a minha volta há barulhos... burburinhos,
mas são inaudíveis, imperceptíveis agora.
Minha vida agora está atrelada ao nada,
funério nada...
Um não existir!
A ausência de vida!


Ouve?
...
Escutou?
...
O mas absoluto silêncio...
Não ouço nada...
Não ouço...
Não...
Nada!
Shuuuu!

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Súplica.

A ti peço clemência,
a ti peço piedade!
Oh ser iluminado,
Ajuda-me nesse momento.,
Rogo-te! Ajuda-me!

Tira de mim esse amor,
tira, por favor!
Com ele não sei viver,
fico em desatino,
não como, não durmo,
só amo!

Amo incondicionalmente
aquela menina de olhos profundos
e pele alva. Meu sonho mais perturbador.
Oh, por favor, tira de mim esse amor!

Falas

Falas:

de

leito vazio,

de

amores perdidos,

de

vidas desfeitas,

de

laços rompidos

de

sonhos exauridos.


E eu

queria apenas

falar de amor!

E descansar...

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Iguais

Com a garganta seca e as mãos frias,
os olhos marejados e corpo inerte,
sinto um arrepio percorrer-me a espinha,
sinto medo do desconhecido.

Não percebes a minha agonia,
o suor gelado escorrendo em minha testa
gritar é o que me resta
pra acalentar minha vida vazia.


Mas...
Tamanha é minha ânsia
que não percebo teus olhos
não percebo teu corpo
nem os sinais de tua dor...

...tão grande e feroz quanto a minha...

quarta-feira, 11 de junho de 2008

A resposta da flor a borboleta

Flores são delicadas, cheirosas, cheias de néctar e polém. Nós mulheres, somos como as flores. E esperamos nossas borboletas, os homens, pois as achamos viçosas, coloridas e delicadas como nós, porém não o são.
Elas vem com suas espirotrombas em riste, sugam-nos, tiram nossa essência e voam de encontro a outras flores mais saborosas. E nós passivas esperando seu retorno.
Porquê?
Porque estamos presas ao solo?
Por sermos responsáveis pela perpetuação da espécie?
Por segurança ou alento?
Porque nos convém?
Porquê?
Flores libertem-se da sua prisão terrestre, sejam como borboletas ou melhor como as mariposas, não tão belas quanto as borboletas, porém livres e fortes pra voarem a noite, enfeitando o céu e assustando os despreparados.
Voem mariposas, o ruflar de suas asas quero ouvir!
Voem alto e firmes!!